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A Associação

O desenvolvimento da indústria na Pampilhosa, ocorrido no final do século XIX, fez com que o Associativismo e a Música passassem a integrar o dia-a-dia dos trabalhadores de então. Por isso, surgiu em 1894 uma das primeiras bandas de que há registo, a banda dos Teixeiras. Entretanto, um grupo de Pampilhosenses decidiu, em 1920, organizar uma filarmónica. Foi então assinada a escritura da sociedade, num domingo, o dia 9 de maio de 1920, pelo seu primeiro Presidente, Prof. Guilherme Ferreira da Silva, surgindo a “Filarmónica Pampilhozense”, com sede na “escola oficial de Pampilhoza do Botão”. Ricardo Campos, de Coimbra, foi o seu primeiro regente. O seu ordenado era de três escudos por ensaio.

Em 1924 a regência passa a ser da responsabilidade de Manuel Maria Simões Pleno, de Santana, Figueira da Foz, passando, dois anos depois, a batuta ao seu filho, Joaquim Maria Simões Pleno, que se mantém no comando durante 63 anos.

Em 1952 é construída e inaugurada a sua primeira Sede oficial, que é derrubada findos 35 anos de serviço, dando lugar à atual. Os seus estatutos são renovados em 1953, sofrendo uma nova renovação em 2006.

Em 1990, Joaquim Pleno, já doente desde 1989, é substituído pelo seu filho, Manuel Lindo Pleno. A FP é declarada como Coletividade de Utilidade Pública em 8 de julho de 1998. A Banda tem sido solicitada para diversos pontos do país, desde o Minho ao Algarve, destacando-se a cidade de Angra do Heroísmo (Ilha Terceira – Açores), para participação, em junho de 2002, nas Sanjoaninas, importante manifestação cultural do arquipélago. A sua internacionalização foi efetuada em agosto de 2003, com a deslocação a Courcoury, França. Em agosto de 2005 efetuou uma viagem à Bélgica, para participação do 222.º aniversário da Koninklijke Harmonie (Real Filarmónica) “Concordia et Docilitas”, de Herdersem (Aalst), a onde regressou em agosto de 2012, dando assim continuidade ao intercâmbio com a congénere belga, a qual recebeu na Pampilhosa em 2006 e 2010.

Em janeiro de 2006, a FP sobe ao palco do Cineteatro Messias (Mealhada) para interpretar, em conjunto com a Orquestra Clássica do Centro (Coimbra), a Suíte Portuguesa n.º 1 de Ruy Coelho, dirigida pelo Maestro Virgílio Caseiro.

A 22 de agosto de 2006, a Associação vê partir o seu diretor artístico e um dos filhos da terra, o Maestro Manuel Lindo Pleno, após doença prolongada. Homenageado pela Instituição a 29 de setembro, num concerto-homenagem dirigido pelo seu filho Paulo Pleno, recebeu, a título póstumo, a Medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Mealhada no dia 23 de dezembro, no decorrer de um concerto conjunto no Cineteatro Messias, com a FP e o Grupo Coral Magister (Mealhada), dirigido por Daniel Vieira, que assumiu a direção artística da Banda em outubro desse ano.

Em maio de 2016, durante as comemorações do Dia do Município da Mealhada, a FP foi agraciada pela Câmara Municipal com a Medalha de Mérito Municipal, na área da Cultura, pelo seu trabalho em prol da comunidade.

Em 2020 completa um século de atividade ininterrupta, comemoração que, por circunstâncias da pandemia de Covid-19, viu-se adiada.

Professor Guilherme Ferreira da Silva
Primeiro Presidente da Direção

O Prof. Guilherme Ferreira da Silva foi umas das figuras cimeiras do panorama cultural que, tendo nascido ainda no séc. XIX, teve uma ação de tal modo marcante que se prolonga até aos nossos dias.

Nasceu no dia 5 de junho de 1890, filho de António Ferreira Inácio, barbeiro sangrador, e de Maria José Silva, “descendente de uma das mais ilustres famílias pampilhosenses”.

A família aspirava a carreira de médico para o jovem Guilherme, mas, por vontade própria, cursou o Magistério Primário em Coimbra.

Dotado de grande inteligência, frequentava tertúlias no restaurante da Estação de Caminho-de-Ferro da Pampilhosa com grandes industriais da altura. Segundo informação dos seus descendentes, deslocava-se frequentemente a Lisboa, mais precisamente à Livraria Portugal, onde se juntavam os grandes intelectuais da época, salientando-se Aquilino Ribeiro, de quem era amigo. Era um republicano convicto. Destas deslocações resultou certamente o seu vínculo a diversos jornais com que colaborava, tais como Diário da Beira, República, O Século ou Diário de Coimbra.

Casa-se com Maria do Céu Ferreira Fonseca, professora primária, natural de Celorico da Beira, matrimónio do qual nascem duas filhas, Edite Ferreira da Silva e Maria José Ferreira da Silva.

De um profissionalismo invulgar, aproveitava a sua ação enquanto professor para alargar consideravelmente os horizontes das crianças pampilhosenses.

Deve-se à sua ação de dinamizador cultural a educação no gosto pelas artes de toda uma geração de pampilhosenses.

Funcionava em sua casa, na rua com o seu nome, ao n.º 24, uma extensão da Conservatória do Registo Civil.

Deve-se a ele a “importação” de um costume da época, que perdurou até aos anos de 1980 e reativado recentemente pelo GEDEPA, o “Enterro do Bacalhau”, que mobilizada toda a alta pampilhosense no cortejo de Sábado de Aleluia.

Escrevia, em parceria com o Maestro Joaquim Pleno, que musicava as obras, entremezes (revistas à portuguesa) e pequenas peças de teatro, que encenava envolvendo a população autóctone.

Foi o primeiro Presidente da Direção da Filarmónica Pampilhosense, na sua fundação em 1920, tornando-se mais tarde elemento efectivo da banda, como flautista. A primeira direção era constituída por Guilherme Ferreira da Silva, presidente; Manuel dos Santos Carvalho, secretário; Fernando dos Santos, tesoureiro; Benjamim de Mello e Constantino Cristina, vogais. No entanto, na ata da primeira reunião foi aprovado um voto de louvor aos Senhores António Simões Miranda, Constantino Cristina e Fernando dos Santos, por ter sido da sua iniciativa a organização da filarmónica.

Faleceu em 1966. Partiu mas não morreu, pois só morre quem não deixa obra.

A Associação

Com os músicos em casa, em 2020 (centenário da Associação) foi realizado o seguinte vídeo, como forma, possível, de homenagear os Fundadores da Associação.