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A Sede

Nos seus primeiros 32 anos de vida, a Filarmónica Pampilhosense conheceu cinco sedes provisórias: na escola primária; num edifício frente à Igreja; no adro da Igreja; na casa do Sr. Fernando dos Santos e na do Sr. Vasco Soares Cadete (sócios da Instituição).
Entretanto, na Assembleia Geral de 24 de fevereiro de 1946, foi nomeada uma comissão, chamada “Comissão Pró-Casa da Filarmónica”. Esta comissão teria então a tarefa de reunir todos os esforços para fazer erigir a primeira Sede oficial da Associação. Constituíam a mesma os associados: Albano Cristina, José Augusto da Silva, Germano Godinho, Luiz da Costa, José Simões Lopes, Francisco Luiz Felício, Alberto Gomes Pereira e Guilherme Ferreira da Silva, representando a Filarmónica. Os elementos desta comissão foram sendo alterados, sublinhando-se, pois, outros associados bastante ativos em prol da construção da nova sede: Alexandre Monteiro Ramos, Vasco Soares Cadete, Manuel Amaral Cristina e Francisco Sousa Sequeira, que veio a ser o principal impulsionador da obra.
Mais tarde, em Assembleia de 16 de junho de 1948, é referida a «compra de um terreno, no Largo do Freixo, perto do coreto, para a edificação da sede própria da filarmónica (…). Esta deliberação foi aprovada por aclamação, visto ser um assunto que está no ânimo de todos os presentes (…).»
Na Assembleia de 6 de dezembro de 1950 foi apresentada uma troca de terrenos, «não podendo ser a casa da filarmónica edificada no sítio para ela destinado, em virtude de não poder ficar distanciada do edifício da escola à distância regulamentar (…).» A troca foi efetuada pelo terreno onde hoje está edificada a Sede atual.

Inauguração da primeira Sede

Em 1952 é finalmente construída e inaugurada a primeira Sede, no terreno referido, adquirido à Fábrica da Igreja da Paróquia de Pampilhosa, junto à capela do Senhor dos Aflitos, por cinco escudos o metro quadrado, num total de 120 m2 (numa primeira fase). Era um edifício de um só piso, com um palco ao fundo, oposto à entrada. Por baixo do palco existia um pequeno espaço, que era utilizado como bar de apoio às instalações.
«(…) O Sr. Professor Guilherme Ferreira da Silva, Presidente da Direcção, usando da palavra, disse regozijar-se , o que o mesmo acontecia com os directores presentes, pelo facto de ser a primeira reunião que se fazia na nova casa da Filarmónica, acabada de construir e tão auspiciosamente inaugurada no passado dia sete do mês corrente. O Sr. Presidente, dando-se os parabéns e a todos, disse ser de opinião, o que por todos foi aprovado, que nesta acta se exarasse um relato do que foi a festa de inauguração no dia acima indicado, relato que ficaria como que sendo a história, para os vindouros, do acontecimento que acabava de se realizar. E assim, o mesmo Sr. Presidente ditou para a acta o que segue: Aos sete dias do mês de setembro do corrente ano de mil novecentos e cincoenta e dois, eram quinze horas, compareceram junto a esta nova sede, além da “Filarmónica Pampilhosense” e muito povo, o Ex.mo Sr. Manuel dos Santos Louzada, Presidente da Câmara Municipal do nosso concelho. A convite do Sr. Presidente da Filarmónica, e depois de ter recebido uma tesoura da mão da sua neta, a menina Isabel Maria da Silva Pereira de Oliveira, o Sr. Presidente da Câmara cortou a fita simbólica que vedava a casa da Filarmónica, subindo nesse momento ao ar muitos foguetes, tocando a Filarmónica e sendo aclamado o acto com muitas e entusiásticas palmas da numerosa assistência. Após esse acto, entrou no edifício o Sr. Presidente da Câmara Municipal, acompanhado da Direcção da Filarmónica e dos convidados, fazendo uma visita às dependências da casa, encontrando-se já nessa altura o Sr. Comendador Messias Batista, da Mealhada, um dos principais auxiliares da construção, e Francisco Ribeiro Couto, filho do Sr. Dr. Américo Couto, que o representava. Em seguida, deu entrada no edifício o público, que encheu a sala, demonstrando assim quanto se interessava e se alegrava com o acto consumado, que há muito era, especialmente para o povo da Pampilhosa, uma das suas maiores e mais queridas aspirações. Passou-se depois à anunciada sessão solene. A esta presidiu o Sr. Dr. Louzada, ladeado pelo Sr. Comendador Messias Batista, Francisco Ribeiro Couto, Guilherme Ferreira da Silva, Presidente da Direcção da Filarmónica, Padre José Marques Torres, Regedor Abel da Silva, Tenente Carlos Pereira Oliveira, Dr. João Miranda, José Augusto da Silva e representantes de cada uma das Associações locais, que compareceram com os seus estandartes – Associação de Socorros Mútuos “7 de Agosto”, Grupo de Instrução e Recreio, Grupo Ferroviário da Pampilhosa, Futebol Clube da Pampilhosa, e Legião Portuguesa. Usou da palavra em primeiro lugar Francisco de Sousa Sequeira, Presidente da Comissão Pró-Casa, e principal elemento a quem ela fica [devida], para se regozijar pelo facto de a Casa estar pronta e por poder ter cumprido a promessa de a construir que tinha feito. Agradeceu a todos os que [colaboraram], dando materiais e acarretando-os, carpinteiros, pedreiros e [demais] trabalhadores, todo o povo, por assim dizer. Foi por fim vitoriado. Falou a seguir o Sr. Presidente da Câmara que pôs em relevo a construção feita e os serviços que ela pode prestar à Pampilhosa. Falou por fim o Sr. Professor Guilherme, Presidente da Direcção, que começou por ler uma carta do Sr. Professor Firmino Brito da Costa, que havia sido convidado a assistir à sessão e não poude por motivo de doença. Na carta o Sr. Professor Firmino Brito da Costa exalta o facto comiserado da construção da casa, evidencia os trabalhos da Comissão Pró-Casa, em especial os de Francisco Sequeira, apela para o bairrismo dos Pampilhosenses, lamentando que nem todos compreendem as necessidades da Pampilhosa, para as satisfazer como é de justiça. Lida a carta, o Sr. Professor Guilherme começou por dirigir os seus cumprimentos à mesa, passando a fazer uma pequena resenha histórica da casa que hoje finalmente se inaugurava e que constituía para si, que foi o que primeiro lembrou a necessidade deste melhoramento e para todos os Pampilhosenses, certamente, uma grande alegria, uma autêntica satisfação. Pôs em foco as contrariedades havidas, e bem assim os tempos maus e os tempos bons por que tem passado a Filarmónica, dizendo que os primeiros não entibiaram os ânimos das direcções, e os últimos tinham servido de incentivo, de maneira a que ela exista ainda, não tão desenvolvida como era desejo de todos, pelo menos, de forma a não desprestigiar o nome da nossa terra, que é esse um dos seus principais fins. Enalteceu a Comissão Pró-Casa, composta dos Srs. Francisco Sequeira, Manuel Amaral Cristina e Alexandre Monteiro Ramos, especializando o primeiro, que não se pouparam a esforços de toda a ordem para se obter o importante melhoramento a cujo acto de inauguração acabámos, com o maior público, de assistir. Por fim, o Sr. Presidente pôs em destaque a acção do Sr. Francisco Sequeira, cheia de tenacidade e coragem, demonstrando sempre um entusiasmo e uma dedicação muito grande pela música e pela Pampilhosa, predicados estes unanimemente reconhecidos e que levou um grupo de amigos seus a colocar, na sala da casa edificada e para a qual foi ele o maior trabalhador, uma fotografia sua, a atestar, não só os seus serviços, mas também a gratidão da música e, digamos mesmo, de toda a Pampilhosa. Por indicação do Sr. Presidente, a filha mais nova de Francisco Sequeira, Maria Aida Ferreira Sequeira, descerrou a fotografia, acto que foi sublinhado por todo o público com o mais caloroso entusiasmo. Este discurso foi, como os anteriores, apoteoticamente aplaudido. Finda a cerimónia, o povo deu largas ao seu contentamento em casa do Sr. Professor Guilherme, [onde] foi servido aos convidados, por conta da direcção, um lanche de honra, que serviu ainda para o prolongamento do entusiasmo e alegria que em todos se manifestava. (…)» – pode ler-se na ata da reunião da Direção de 17 de setembro de 1952, a primeira no novo edifício. “Para os vindouros”, registou-se.

A Sede de 1952 a 1986

Conhecido é talvez o primeiro espetáculo apresentado na “Casa da Música”: o entremez “Havia… Havia… Mas já não há”, da autoria do Prof. Guilherme Ferreira da Silva (textos) e Joaquim Pleno (música), que subiu ao palco no dia 22 de novembro de 1952. Este entremez havia sido já apresentado no Largo das Covas da Baganha no dia da inauguração da Sede, sendo aquela, portanto, a segunda representação da peça. Talvez tenha sido aqui que surgiu a primeira vez, neste evento, a célebre canção, conhecida hoje como “Pampilhosa, Ala Arriba”, considerada o hino da Pampilhosa. A canção ter-se-á celebrizado pelo facto de o povo pampilhosense já não admitir “Botão” no nome da sua terra? Quiçá…
Além dos teatros, ensaios da banda e das aulas aos aprendizes, ali decorriam também bastantes bailes e “matinées” dançantes, ao som de reputados grupos musicais. Consta do arquivo da FP variada correspondência e alguns contratos entre a Direção e diversos grupos.
Do Troviscal (Oliveira do Bairro), sendo uma terra com grande tradição musical, vieram grupos como: “Central Orquestra”, “Ferreira Júnior”, “The Pop King”, “Os Pavões”, “Os Perus” ou “Os Teclas”;
Perto do Troviscal, surgem, da Mamarrosa, os grupos “Lúcifer Jazz” ou “Os Faraós”.
Dos Covões (Cantanhede): “Os Melros” (mais tarde conhecidos por “Os Velhos Melros”) e “Os Novos Melros”;
Em Tamengos (Anadia) nascem os conjuntos “Rouxinóis da Bairrada” e “The Yankees” (este grupo ainda existe atualmente);
De Coimbra vêm “Os Vikings” e o “Quarteto Académico”;
“Television Five” (que deram origem ao grupo “TV5” nos anos de 1990), “Acrópole”, “Estrela Azul”, “Os Sombras”, “Pop Men” (Gafanha da Nazaré), “M5+1” (Formoselha), “Hipótese” (Alfarelos), “Irmãos Sousas” (Viso-Liceia), “4 Ases do Ritmo” (Albergaria-a-Velha), “The Lords” (Estarreja) e “Musical Estúdio” (Leiria) são também alguns dos grupos que passaram pela Pampilhosa.
Estes bailes eram realizados em várias ocasiões, sobretudo no Carnaval, Páscoa, Natal e Passagem de Ano.
De 1976 surge um documento onde se pode ler:

    16/10/76 – Pop Men – 4500$00
    06/11/76 – M5+1 – 3500$00
    27/11/76 – The Pop King – 3500$00
    25/12/76 – Pop Men – 6000$00
    31/12/76 – Hipótese – 8500$00

Entretanto constato, através de um contrato entre o presidente da Direção, Joaquim Pleno, e o Conjunto Faraós, que o baile realizado no dia 11 de novembro de 1972 foi realizado pelo preço de 400$00, sendo esta quantia distribuída equitativamente pelos quatro elementos do grupo, Manuel Carriço, Armando Vida, António Campos e Maria Lucília Pato.
Numa ata de 1986 surge uma referência à possível criação de um grupo musical no seio da Filarmónica, mas não existe mais informação sobre esta situação, exceto uma referência a um grupo constituído por «Manuel Pleno, António Albino, António Torres, etc.».

Ampliação da Sede

Nos anos de 1980, a necessidade de ampliação da Sede faz com que a Direção de então inicie o magnificente, para a época, projeto de construção da nova Sede.
Conta Joaquim Tomé, na altura Tesoureiro, depois Presidente da Direção, que foi um projeto arrojado e, de certa maneira, arriscado. Apoios oficiais prometidos que nunca chegaram a aparecer e falta de verbas podiam inviabilizar o projeto. Mas, lá diria alguém, “o homem sonha e a obra nasce”.
A ata onde está registada a primeira referência ao “alargamento da sede” data de 15 de abril de 1983. A Direção de então era constituída por: Presidente: Manuel Filipe Alves de Melo; Vice-Presidente: Álvaro da Costa e Sousa; Tesoureiro: Joaquim da Conceição Tomé; 1.º Secretário: Arménio dos Santos Galhardo; 2.º Secretário: José Manuel Mano dos Reis; 3.º Secretário: José Maria Ferreira; Vogais: Manuel Marques Cação, Germano Tavares Duarte, Luís Aurélio de Oliveira Santos, Fernando Jesus Fonseca e António Conceição Torres. Pode ler-se nessa ata que «deliberou-se que os directores que tivessem possibilidades comparecessem no dia 19, terça-feira, a fim de ir à reunião da Junta de Freguesia expor o problema do alargamento da nossa Sede.» Esse problema surgia com a necessidade de se alargar o edifício em terreno do lado nascente, junto à Capela do Senhor do Lombo. De salientar que estas reuniões da Direção tinham lugar num “gabinete pré-fabricado”, colocado junto ao edifício, pois o salão não tinha qualquer dependência. Mesmo os lavabos foram construídos apenas pelos anos de 1970.
Pode verificar-se nas atas seguintes que o contacto com a Junta de Freguesia tornou-se difícil, pela ausência do Presidente da mesma, João de Matos Oliveira. Finalmente, a Junta decidiu ter uma reunião com a Fábrica da Igreja, possível proprietária do terreno em questão. Contudo, chegou-se à conclusão que essa parcela de terreno era uma serventia pública (como ainda hoje), pelo que foi deliberado contactar o Sr. Ernesto Lemos, vizinho do lado poente da Sede. Em ata de 2 de setembro do mesmo ano, constata-se que o Sr. Ernesto Lemos não pretende ceder parte do seu terreno.
Praticamente um ano depois, na ata de 27 de abril de 1984, volta a ser focado o problema do alargamento da Sede, desta vez notando-se que a Sede iria ter um andar superior, e seria esse andar superior que deveria encostar à Capela, deixando livre, ao nível do piso térreo, a serventia para os vizinhos de trás. Também é focada a questão de trazer a frente do edifício para junto da estrada, situação que se mostrou possível. Afinal, não seria apenas o “alargamento” da Sede, mas a construção de uma nova Sede!
A Direção era constituída agora por: Presidente: Emídio dos Santos; Vice-Presidente: Germano Tavares Duarte; Tesoureiro: Joaquim Conceição Tomé; Secretário-Geral: José Manuel Cristina da Silva; 1.º Secretário: Arménio dos Santos Galhardo; 2.º Secretário: José Maria Ferreira; Vogais: Fernando Jesus Fonseca, José Manuel Mano Reis, Luís Aurélio Oliveira Santos, Francisco de Jesus Gomes, Germano de Jesus Nunes Ferreira e Vítor Manuel Jesus Felício.
O primeiro esboço da planta da nova Sede foi apresentado em reunião de 15 de junho de 1984, embora que o desenhador escolhido para formalizar a planta não conseguisse satisfazer as pretensões da Direção. Entrementes, a Câmara Municipal da Mealhada dá luz verde para o seguimento das obras, conforme consta em ata de 21 de setembro de 1984.
Em ata de 4 de abril de 1985, é referido que serão contactadas «entidades oficiais para angariação de fundos para as obras da sede, tendo ficado assente escrever aos seguintes organismos oficiais: Ministério da Cultura, Governo Civil de Aveiro, INATEL [Instituto Nacional para a Promoção do Tempo Livre dos Trabalhadores], FAOJ [Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis] e [Fundação Calouste] Gulbenkian.» Nesta mesma ata são apresentados os novos elementos da Direção, ou pelo menos parte deles, que estiveram presentes: Manuel Lindo Pleno, Germano Tavares Duarte, Joaquim da Conceição Tomé, Germano de Jesus Nunes Ferreira, José Maria Ferreira e Arménio Santos Galhardo.
No desenvolvimento da ata de 6 de setembro de 1985 pode ler-se: «Foi-nos informado por um dos vereadores da nossa terra que a Câmara Municipal de Mealhada teve a coragem, finalmente, de dar despacho ao nosso pedido de ampliação da nossa sede. Deliberou [-se] em seguida que os directores Senhores Manuel Pleno e [Joaquim] Tomé se deslocarem à Mealhada (Câmara) a fim de fazerem o levantamento do citado despacho autorizando as obras, bem como as respectivas licenças.» Necessário era, agora, o pedido de «10.000 tijolos 30x20x15 e 7.000 tijolos 30x20x11»

A demolição do velho edifício

Já com a nova Direção a funcionar (maio de 1986), embora não muito diferente da do ano anterior, é referida a realização de uma reunião com a Direção Geral de Ação Cultural, em Lisboa. Entretanto, a obra começa, com a retirada da telha do edifício e do seu recheio. A Direção era agora composta por: Presidente: Manuel Lindo Pleno; Vice-Presidente: Germano Tavares Duarte; Tesoureiro: Joaquim Conceição Tomé; Secretário-Geral: Arménio Santos Galhardo; 1.º Secretário: José Eugénio Ferreira Coelho; 2.º Secretário: José Maria Ferreira; 3.º Secretário: Fernando Jesus Fonseca; Vogais: Francisco Jesus Gomes, Germano Jesus Nunes Ferreira, Armando Simões Almeida, António Marques Dias, António Augusto Rodrigues Pato e Alexandre Miranda Gomes.

Em setembro desse ano é iniciado um peditório pela população da Vila. Foi elaborado inclusive um documento onde constava o «empréstimo de 5000$00 para a nova Sede». Esta quantia seria devolvida, embora se saiba que praticamente ninguém solicitou essa devolução.

Neste mês começa então a demolição do velho edifício, embora que a previsão apontava para o dia 14 de julho.

As reuniões passam a ser em casa do Tesoureiro, Joaquim Tomé, e o velho “gabinete pré-fabricado” é deslocado para junto da Casa Quinhentista, onde a banda realizava agora os seus ensaios regulares. Mais tarde este “gabinete” é vendido, conforme consta na ata de 11 de setembro de 1987, à “Rádio Jovem” por 30.000$00. Assumo que esta “Rádio Jovem” seria o embrião da atual Rádio Clube de Pampilhosa, que iniciou as suas emissões em instalações da Casa Quinhentista. Além disso, o nome da RCP aparece numa ata mais à frente, referida por ter interesse em realizar uma entrevista ao Presidente e ao Maestro da Instituição

O novo imóvel

A edificação da nova sede teve início no dia 20 de outubro de 1986, sendo encarregado da obra o Senhor António Jesus Oliveira. Deu-se finalmente início à tão esperada construção, três anos depois da primeira referência ao assunto. Planeada, entretanto foi sendo alterada, como por exemplo o palco do piso superior, inicialmente projetado para o lado sul, foi transferido para o lado norte, conforme é relatado na ata de 7 de novembro de 1986. Também a orientação das escadas foi focada em algumas atas seguintes.

Porém, o novo ano trouxe consigo alguns problemas, gerados por entraves levantados pelos vizinhos. Felizmente, todos estes problemas foram resolvidos, tudo com bastante diálogo e compreensão.

A obra segue, com a primeira placa (entre a parede nascente da edificação e a capela) a ser completada a 6 de junho de 1987 e toda a restante finalizada a 25 de julho do mesmo ano. Importa aqui referir os nomes registados na ata de 7 de agosto, «que colaboraram no enchimento da placa: Executantes: Francisco Simões Cristina, Francisco Costa Simões, Hélio Peralta, Marcelino Oliveira, Adriano G. Santos e Filho [José Santos Rosa], António Torres, Manuel F. Santos, Fernando F. Sousa, Manuel Almeida, António Reis Rodrigues, José Adriano [Carvalho Moura], Rui Dias; Particulares: Germano Bernardes de Oliveira, António Jesus Oliveira, José Salvador, Manuel Mano Assis, Adriano S. Oliveira.» A ata seguinte refere também a colaboração do Prof. Ismael Pessoa. Foi igualmente muito preciosa a colaboração dos Senhores José Meira e Reinaldo Costa, no que concerne ao tratamento de documentos, como termos de responsabilidade ou projetos da obra.

Também referidas em algumas atas estão Empresas da zona, como a Fábrica Progresso, Soprem e Aluminarte (da Pampilhosa), a Cesol (da Mealhada) e a Siaf (de Souselas) no que respeita ao fornecimento de material e produtos acabados, como tijolo, alumínios, azulejo/mosaico e madeiras.

Sendo de máxima importância o “remolhar da placa”, a Direção contava também com os Bombeiros Voluntários da Vila, visto que havia muita falta de água nas torneiras, situação muito comum nos verões dos anos de 1980, «não falando nos piquetes nocturnos que os directores Armando, Marques Dias e Arménio têm feito.»

“Inauguração” do piso térreo da obra

Na ata de 25 de setembro de 1987 é referido que «ao fazer a sua habitual visita semanal ao local onde ensaia a nossa banda, ficou esta Direcção decepcionada com as condições de conforto e segurança que o local oferece, chuva e frio, circunstância que nos levou a deliberar fecharmos, o mais rapidamente possível, o rés-do-chão da nossa casa e prepará-la de maneira a que ali se possa realizar os ensaios.» Em pouco tempo, o piso térreo foi fechado e a energia elétrica colocada, embora provisoriamente, e a banda pôde então ali efetuar os seus ensaios, enquanto o piso superior não estava construído.

Também as reuniões do elenco diretivo passaram para a Sede, embora seja referido, em ata de 13 de janeiro de 1989, que «se deliberou transferir a nossa reunião semanal para quinta-feira, o motivo é o barulho do ensaio e a falta de concentração para se discutir certos assuntos.»

E se era já possível a banda trabalhar na “nova sede”, também outras atividades voltaram rapidamente a realizar-se, como foi o caso do “bufete” e dos bailes e “matinées”. Grupos como “A Sétima Brigada”, “Saturno”, “Black Stone” (Gafanha da Nazaré) ou “Projecto” da Quinta do Valongo (Vacariça) realizaram ali bailes, que também iam servindo para angariação de fundos para a obra. O baile de Páscoa de 1989 fez na bilheteira 51.300$00 e no bar 22.600$00. Foi paga a quantia de 25.000$00 ao grupo musical. Não atendendo aos gastos inerentes aos produtos do bar, houve um lucro de 48.900$00. Não obstante a época dos bailes estar lentamente a terminar, consideramos esta quantia bastante profícua!

Apoios precisam-se!

Entretanto, apraz-nos constatar que algumas coletividades da Vila também surgiram para apoiar a obra. Regista-se a cordialidade da Direção do Futebol Clube de Pampilhosa, que cedeu alguns dos seus dias programados para bailes, e até os seus contratos com grupos musicais, para que a Filarmónica pudesse realizá-los na sua Sede. Também o Rancho Folclórico da Pampilhosa, atualmente Grupo Etnográfico de Defesa do Património e Ambiente da Região da Pampilhosa (GEDEPA), surgiu na organização de um “Sarau Cultural”, que teve lugar no dia 28 de maio de 1988, no Cineteatro da Vila, cujo apuro reverteu totalmente aos cofres da FP, no valor de 10.000$00.

Com o falecimento de um grande vulto da terra, o Dr. Abel da Silva Lindo, a Banda terá feito a justa homenagem no dia do seu funeral. A viúva, sensibilizada, faz a entrega de um cheque no valor de 50.000$00. De salientar que um contrato de um dia inteiro, no ano de 1988, para uma festividade rondava os 40.000$00.

Junta de Freguesia da Pampilhosa, Câmara Municipal de Mealhada e Governo Civil de Aveiro também contribuíram com subsídios extraordinários.

O Dr. Manuel de Carvalho Santos, atual sócio honorário, também contribui com 30.000$00.

A tradicional “saudação de Ano Novo” (que a Banda realizou até ao ano 2000, e que consistia num desfile pelas principais ruas da vila, no primeiro dia do ano) de 1987 apurou um total de 7.500$00, a de 1988, 23.500$00  e a de 1989, também 23.500$00. Estes valores apurados foram oferecidos por alguns Pampilhosenses, amigos da Instituição.

A Direção abriu, no banco “recém-aberto” na localidade (provavelmente uma filial do Banco Santander, encerrada em 2019), uma conta em nome da Coletividade, onde foi depositada a quantia de 200.000$00, proveniente sobretudo dos donativos.

A construção do piso superior

A construção do primeiro andar teve o seu início a 19 de setembro de 1988. Na ata de 16 de fevereiro de 1989, onde é referido o projeto da cobertura do piso superior, há uma alusão ao orçamento desta mesma obra (não referindo a empresa), no valor de 4.200.000$00 mais o IVA. Os trabalhos da cobertura foram finalizados no dia 23 de junho de 1990, pela empresa “Fertader”.

As atas seguintes vão dando conta de alguns trabalhos na Sede, embora muito sucintamente. Há referências ao reboco exterior, ao teto falso do salão, ao gabinete da Direção ou à cozinha, nas atas dos quatro anos seguintes. Leva-nos a crer que não houve tempo para uma inauguração com pompa, embora haja um registo referindo um “baile de inauguração da nova sede”, realizado no dia 1 de maio de 1992. Assim se foi otimizando a casa, e se foi mantendo até hoje.

A Direção de 1989 era constituída por: Presidente: Joaquim Conceição Tomé; Vice-Presidente: Guilherme Neves da Silva Mano; Tesoureiro: Arménio Santos Galhardo; Secretário-Geral: José Eugénio Ferreira Coelho; 1.º Secretário: António Marques Dias; 2.º Secretário: Mário Almeida; Vogais: Manuel Lindo Pleno, Francisco Jesus Gomes, José Augusto Dias Cristina, Germano Nunes Ferreira, Fernando Jesus Fonseca e José Augusto Simões Lopes.

Louvável foi o esforço de todos estes Homens e Instituições para erguer a Sede que hoje conhecemos…

O atual edifício

O edifício é constituído por dois pisos. O primeiro (rés do chão) compreende o bar com duas salas de convívio (aberto todos os dias das 10h às 23h), uma cozinha, WC’s, gabinete da Direção e a Escola de Música. No segundo piso situa-se o gabinete do Maestro, o salão de festas, um pequeno museu e o palco, onde a banda realiza os seus ensaios semanais. No entanto, o espaço é pequeno para as grandes ambições das sucessivas Direções, com a necessidade de alargar os horizontes da Escola de Música.

Com o surgimento dos Centros Escolares, aparece outra realidade. As escolas antigas deixam de funcionar como escolas oficiais, passando para a alçada das Câmaras Municipais ou Juntas de Freguesia. Como o Centro Escolar de Pampilhosa abriu as suas portas em 2010, as Escolas do 1.º ciclo encerraram. Mas a FP não pretende que a antiga escola primária n.º 1 (sua vizinha) não feche as portas às crianças: pretende, sim, que a escola passe a ser uma Escola de Música. Com autorização da Junta de Freguesia, a Escola de Música passou a funcionar aqui, aos sábados, desde fevereiro de 2012.

No salão, para além dos ensaios semanais, têm lugar algumas iniciativas de índole cultural e recreativa, como por exemplo:

– Concertos pela Banda, gratuitos, para todos os Sócios e população em geral (Natal, Ano Novo ou Reis, concertos comemorativos, etc.);

– Festival de filarmónicas, a realizar no mês de maio, no seu aniversário;

– Entremezes, Revistas à Portuguesa e peças de teatro;

– Concertos por variados grupos musicais;

– Convívios;

– Exposições;

– Apoio às escolas da freguesia;

– Apoio às coletividades da freguesia.

O Bar de apoio

Como é habitual neste tipo de instalações, temos a presença de um “bar”, “bufete” ou “cantina” para apoio às instalações, sendo também a oferta de um espaço de convívio para os Associados, derivando daí um apoio financeiro. Até 1993, o Bar da FP era orientado por um “contínuo”, sendo todas as operações, como encomendas de produtos ou a escrita, da responsabilidade da Direção. Em 1983 há registo de um “contínuo” de nome Álvaro. Em 1990 era “contínuo” António Marques Dias (diretor) sendo substituído depois por Gilberto Gaspar, que era cobrador das quotas (foi revezado nesta função de cobrador em 2008 por Filipe Heleno).

Entretanto, a Direção de 1993 deliberou que o Bar fosse entregue a um sócio que fizesse todo o trabalho inerente ao bom funcionamento do mesmo. Foram vários Associados que realizaram esta função:

            1993-1995: Paula e Fernando Marques;

            1995-1997: Helena e Arlindo Correia;

            1997-1999: Cecília e José Lindo;

            1999-2000: Carlos Ferreira;

            2000-2007: Lucília e Óscar Ribeiro;

            2007-2008: Sílvia e Luís Cardoso;

            2008-2009: Cristina Martins;

            2009-2013: Paula e Fernando Marques;

            2013-2014: Susana Cruz;

            2014-2016: Sandra Carvalho;

            2016-        : Marco Duarte;

            2016-2018: Carlos Cadete e Susana Cruz.

Em 2018 a Direção retoma a gestão do bar.

No Bar são realizadas periodicamente atividades de animação, como música ao vivo, dj’s ou karaoke, e era onde alguns dos sócios mais velhos se distraím, jogando cartas, dominó ou damas. Em 2005 foi colocada uma parede de “pladur”, criando um “hall de entrada”, onde se encontra agora uma mesa de bilhar.

Em 2021 a Direção realiza a obra já urgente de substituição do telhado com partículas de amianto por um telhado moderno com telha tipo “sandwish”, que visa solucionar igualmente o isolamento térmico. Também a fachada e as parede sul e nascente do interior do salão foram reparadas e pintadas.

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